Ao surgirem os modernos Estados territoriais já herdaram um espaço
interior compartimentado, porquanto preexistia aos territórios nacionais uma divisão especial do trabalho e uma divisão política do território. Como desenvolvimento do capitalismo, a divisão do mundo em territórios nacionais sedimenta-se e é com base nesta estrutura que as sociedades politicamente se enquadram. Neste quadro, as fronteiras têm o papel de limites demarcadores dos distintos projectos sociopolíticos.

A fronteira é informação porque são os homens, as sociedades que lhe atribuemessa função. Delega-se às fronteiras o papel de informar – para controlar – ao conjunto da sociedade o que pertence e o que não pertence a um dado espaço.
Autónomo ou soberano o espaço político sempre possui margens. Em verdade, o território nasce das estratégias de controlo necessário à vida social, o que é outra maneira de exprimir a soberania.

As fronteiras políticas são formas assumidas pelos limites que, cristalizadas no território, são a expressão da relação que o homem mantém com os outros homens por meio do território. A fronteira política é um dos tipos de limites impostos às actividades humanas. Este é o objecto desta importante obra científica do Professor Benjamim Afonso.

Márcio Cataia, in Prólogo

O presente trabalho é dado a conhecer a quem de direito, para que se
ajuize com verdade da forma como foram concebidos e analisados os
Tratados, Acordos e Convenções que definiram os limites das fronteiras de Angola e, consequentemente, como decorreram as Campanhas desde o inicio dos levantamentos topográficos da Missão Geográfica de Angola (M.G.A.); como foram cumpridos os propósitos constantes no Plano de Trabalho; as dificuldades com que se depararam, as várias Brigadas no decurso das suas tarefas, soluções adoptadas para as vencerem e a sua grande importância.
O autor, in Introdução

Benjamim Afonso, natural de Lêmboa, Damba, Província do Uíge, é licenciado em Engenharia Aerofotogeodésica pelo Instituto Superior de Geodesia Aerofotogeodesia e Cartografia de Moscovo e mestre em
Fotogrametria Aplicada pelo mesmo Instituto da URSS (1993). Tem uma pós-graduação profissional em Agregação Pedagógica pelo Instituto Superior de Ciências de Educação de Luanda-ISCED (2018).

No itinerário de formação profissional destacam-se as seguintes formações: Sistemas de Informação Territorial (2005, Évora, Portugal); Processamento de Base de Dados (2007, Lisboa, Portugal); Ordenamento do Território (2009, Havana, Cuba); Base Cartográfica Territorial de Angola (2014, Rio de Janeiro, Brasil).

Desempenhou os cargos de chefe de departamento de Sistemas de Informação Geográfica no Instituto Geográfico e Cadastral de Angola (2015-2023); e de coordenador da Subcomissão de Cartografia no Recenseamento Geral da População e Habitação-RGPH (2012-2014), tendo sido membro da Comissão de Fronteiras.

Como docente, lecciona na Faculdade de Ciências da Universidade Agostinho Neto, no Instituto Superior Militar Departamento de
Construções e Fortificações, e no Instituto Politécnico de Ciências Geográficas de Luanda.
É autor do livro Glossário de Termos Geográficos (2010).