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Na Oficina do Sociólogo Artesão – Aulas 2011-2016

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É um livro as aulas magistrais e conferências ministradas por Boaventura de Sousa Santos ao longo dos últimos cinco anos constituiu um grande desafio e pressupôs o desenvolvimento de uma estratégia editorial criativa e diferenciada...

O FIM DA AMNÉSIA

Meu pai desensinava-me. Só devia balbuciar e não dizer contra os canhões, achava impróprio para criança e que aquilo era uma decorrência de África por causa do mapa cor-de-rosa, de Luanda a Lourenço Marques. Já me tinham ensinado o tratado de Tordesilhas. No sétimo ano eu falava para os colegas que dava uma boa peça de teatro de comédia e o mapa cor-de-rosa para um drama no pressuposto de conseguirem enrolar aquele mapa sem nunca o conseguirem, pior que renda de Penélope que já havíamos estudado. Milhões de pessoas viveram em amnésia descartesiana porque esqueciam o que nunca tinham aprendido. E os conceitos eram preconceitos.

Escrevi para o Hino da alfabetização de Angola: “só é livre quem estuda e ensina para aprender.” É também uma constatação que se recolhe destas aulas.
O Prólogo faz parte do todo porque enriquece o percurso das palavras, a coloquialidade da recolha de falas faladas, em meu entender, introduz sempre o eco das vozes com uma sonoridade de tratamento feminino em decorrência de outras sonoridades de ritmos que enlouquecem a linha abissal porque no prólogo parecem afluentes para o grande rio das palavras de Boaventura, preservando mas enriquecendo as águas.
Parece tudo fácil e as aulas não se sucedem como capítulos mas cada
uma apetece à continuidade da outra, não estamos a ler aulas, estão-nos a contar saber e, de tal exuberância aprendemos a ensinar tudo com a poética da pluralidade para melhorarmos o mundo, na melodia imensa de Boaventura com a harmonia das autoras do Preâmbulo.

Tudo parece ter nascido de uma árvore: AS EPISTEMOLOGIAS DO SUL.
E a árvore começou a dar frutos mediante uma hermenêutica diferente
porque de proximidade, não é pesquisar favelas nas bibliotecas mas viver na favela, cantar rap e falar com uma imensidão de pessoas, dando voz aos alunos para que se multiplique o saber para novas aventuras na árvore com “ecologia dos saberes”, “sociologia das ausências”, “sociologia das emergências.”
A árvore é de laranjas. E cada vez que se descasca uma logo o seu sabor agridoce mata o cartesianismo e os pontos cardeais. O Norte dos saberes tem de respeitar os outros saberes na tão deslumbrante Ecologia dos Saberes.
Agora há que recuperar grandes pensamentos como o marxismo, expurgando-o do pragmatismo para mover essa linha doutrinária no caminho da modernidade e adentro da Ecologia dos Saberes.
Há um processo de descolonização epistemológica em curso para desenvolvimentos alternativos.
Os sábios andam sempre muito distantes. Vivem escondidos. Em solidão. Mas de repente, damos por nós com um amigo sábio de nível mundial.
Vou cantar para toda a gente que tenho um amigo sábio que matou a amnésia com palavras e produziu aulas como se fossem poemas.
Na minha Universidade em Coimbra, subir as monumentais era como
caminhar para o fundo de um poço repleto de cobras venenosas. Agora,
nesta idade vou subi-las com a alegria da Ecologia dos Saberes, não esquecendo os diálogos Sul-Sul por onde andei perdido a navegar sem remos agora com o cuidado das hegemonias. Falta ainda descolonizar o conhecimento. As Universidades devem dar atenção a estas aulas de aprender para ensinar e aproveitarem deitar muito lixo fora.

“(…) Reflectir sobre o futuro da utopia e sobre a utopia do futuro, lembrando-nos que em tempos de desastre e medo, apostar na utopia é apostar na esperança.”
Termino com um provérbio umbundu:
Apa walila omona kayu momela po
Nem todas as consequências de um ato se vêm logo.

Meu grande amigo Boaventura. Minhas admiráveis autoras da harmonia. Daqui, para além dos saberes tem os sabores e já podemos dizer que
papagaios, periquitos, borboletas, podem voar nestas aulas de fantasia verdadeira.

manuel rui.... In Prefácio

BOAVENTURA SOUSA SANTOS nasceu em Coimbra. Licenciou-se em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra em 1963. No final do curso, rumou a Berlim para estudar filosofia do direito. Fez uma pós-graduação e viveu a experiência dos dois mundos da guerra fria separados pelo Muro de Berlim. Dois anos depois, regressou a Coimbra e durante um breve período foi assistente da Faculdade de Direito. Em finais dos anos 1960, partiu para a Universidade de Yale com o objetivo de se doutorar. A sua tese de doutoramento, publicada pela primeira vez em português em 2015 (Direito dos Oprimidos, Almedina), é um marco fundamental na sociologia do direito, que resultou do trabalho de campo centrado em observação participante numa favela do Rio de Janeiro.

Foi um dos fundadores da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra em 1973, onde veio a criar o curso de sociologia. Em meados da década de 1980, começou a assumir estruturalmente o papel de um investigador para quem a compreensão do mundo é muito mais ampla que a compreensão ocidental do mundo. Fez investigação no Brasil, em Cabo Verde, em Macau, em Moçambique, na África do Sul, na Colômbia, na Bolívia, no Equador e na Índia. Viaja por múltiplos lugares, dando aulas e palestras e alargando o seu leque de experiências de aprendizagem. Foi um dos principais impulsionadores do Fórum Social Mundial. O espírito que envolve o Fórum é fundamental nos seus estudos da globalização contra-hegemónica, mas também na promoção da luta pela justiça cognitiva global que subjaz ao seu conceito de Epistemologias do Sul.

Dirigiu o amplo e ambicioso ALICE, Espelhos Estranhos, Lições Imprevistas, um projeto que pretende dar continuidade à Reinvenção da Emancipação Social, repensando e renovando o conhecimento científico-social à luz das Epistemologias do Sul, com o objetivo de desenvolver novos paradigmas teóricos e políticos de transformação social.

Tem trabalhos publicados sobre globalização, sociologia do direito, epistemologia, democracia e direitos humanos. Os seus trabalhos encontram-se traduzidos em espanhol, inglês, italiano, francês e alemão.

Dos seus conceitos fundamentais, destacam-se a sociologia das ausências, a sociologia das emergências, a ecologia de saberes, a linha abissal, o pensamento pós-abissal, o epistemicídio, a interlegalidade, o Estado heterogéneo, a razão indolente, a razão metonímica e o fascismo social.

Também é poeta, autor do livro Escrita INKZ: antimanifesto para uma arte incapaz.

Participa da coordenação científica dos seguintes Programas de Doutoramento do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra:
- Direito, Justiça e Cidadania no Século XXI;
- Democracia no Século XXI;
- Pós-Colonialismos e Cidadania Global.

Dirige as seguintes coleções:

Saber imaginar o social;
A sociedade portuguesa perante os desafios da globalização;
Reinventar a emancipação social: para novos manifestos.
Prazo de entrega até 5 dias uteis
Portes de envio 1.150Kz

Copyright: © Boaventura de Sousa Santos/Mayamba Editora, 2023
Colecção: Kunyonga
Autor: Boaventura de Sousa Santos
Título: Na Oficina do Sociólogo Artesão – Aulas 2011-2016,
Selecção, revisão e edição de: Maria Paula Meneses e Carolina Peixoto
Prefácio: Manuel Rui
Editor: Arlindo Isabel
Edição: Mayamba Editora
Rua da Liga Nacional Africana, n.º 13,Bairro Patrice Lumumba, Distrito Urbano de Ingombota, Município de Luanda/Angola
Tel.: +244 944 301 219 | 927 648 964 | 911 564 614
E-mail: mayambaeditora@yahoo.com
Site: www.mayambaeditora.com / www.mayambaeditora.co.ao
Facebook: Mayamba Editora
1.ª edição Cortez, Lisboa, 2018
1.ª edição na Mayamba: Luanda, Março de 2023
Paginação e capa: Carlos Roque
Tiragem: 1000 exemplares
Impressão e acabamento: UNIMATER
Depósito legal: 11688/2023
ISBN: 978-989-761-448-4

© 2023 Toda a reprodução desta obra, por fotocópia, offset, fotografia ou por outro qualquer processo, sem prévia autorização escrita do editor, torna-se ilícita e passível de procedimento judicial. Seja Original! DIGA NÃO À CÓPIA
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