Helena Dias, lança-se no seu primeiro romance mergulhando
o mundo das letras no universo da alma feminina nesta viagem
terrena. A sua escrita irrompe de um bairro típico de Luanda
– Cazenga - onde a bondade convive com a maledicência num
equilíbrio muitas vezes desequilibrado, mas onde num pântano
de álcool, o amor parece sempre germinar.
“E assim permaneceram numa roda vida de escárnio e boato, despachando canecas de cerveja, como se o mundo terminasse ali.”
“Dos apertos periféricos do Cazenga, dos lamaçais suburbanos do Hoji-ya-Henda e ruas esburacadas da Mãe Preta também brota gente grande, pessoas que têm consciência e valorizam a vida, gente que tem ciência, delicadeza e ambição de vencer, mas que às vezes veem esvair-se todas as possibilidades de um futuro risonho, pela discriminação de alguns homens que, sendo da mesma cor, país ou etnia, se julgam superiores aos que ali habitam. Desta planta murcha
por falta de rega nasceu uma linda flor de nome Leda.”
O amor que vence a esterilidade do boato impregnadode alcoolismo crónico e a frieza do desamor. É esse amor muitas vezes
finito num tempo único que Helena Dias grava nesta novela em
forma de romance. E para provar esse amor no lamaçal desértico
dos cactos ela faz surgir uma orquídea rara - Leda.
“As mulheres são uma prenda de Deus para a vida, algumas em particular são a própria vida”
Uma raridade intrinsecamente única! Raridade heroica pelo
inóspito do deserto que ela enfrenta. Leda o carneiro sacrificado
para a salvação de João. Uma salvação natural como a Floresta de
Maiombe onde Leda entrega a preciosa virgindade, em troca de
uma Ressurreição concebida em Nzo Kualama.
“Queria poder salvar vidas o que não tinha podido fazer pela irmã.”
Sacrifício válido para a autora que assume o imperativo de
ressuscitar seres que há muito desistiram de viver. Almas penadas vagueando num abismo infernal e que nada deste mundo material parece confortar. São dores que ressacam o espírito de quem viu no (des)amor uma maldição. E quebrantados, gelados persistem no aniquilar da voz do coração. No crespo da pele esfregam o fel da crueldade buscando ferir o amor que ainda possa existir no olhar da criança, na inocência do animal ou na pureza virginal de um adolescente. São setas criminosas que alimentam infames boatos que destroem as sementes do amor.
“— Já foi abandonada — diziam impiedosamente. — Nós avisámos. Estava doce não estava? Agora aguenta.”
No texto é notável os avisos rudes e quase criminosos que alertam o incauto para o horror de entrar nesse mundo de perdição onde amar é tradição. Gritos infernais ecoam no horror e no desalento da traição e do abandono. Amar confunde-se com prender. Ou prender com amar. Usar substitui o verbo amar.
Vale usar, o que não é válido é amar. E nessa regra do jogo saem
todos a perder: o que ama e o que não ama.
“— O que pretendes? — gritou, histérica. — Que eu continue aqui a olhar para a tua figura ridícula e acaricie os teus cabelos, enquanto continuas a brincar com os meus sentimentos? Não é justo o que fazes comigo.”
Sem justiça ou tribunal, todos se perdem no jogo do usar e
ser usado. Fica o provérbio dito, mas nunca escrito! porque na
poesia todos defendem esse criminoso amor! E entre poesia e
realidade, azar daquele que se deixa infectar por esse vírus que
apenas traz a dor de uma separação futura.
Dói! Amar com a ilusão do final feliz que esse verbo parece
carregar na maquilhagem. E na primeira chuva de palavrões e
acusações essas tintas coloridas esvaem-se deformandoo rosto
da (des)ilusão. Triste sina a de quem ama... ou não? Por isso fica
a ressurreição, depois da tempestade que se encerra numa caixa
selada pelo perdão. E que convém nunca mais abrir...
“Se um triste passado lhe bater à porta ignore, talvez ele
traga a carta que você não deseja reler”
Para a autora, mais à frente num tempo de memória é possível voltar a viver. Resta a fé de que no pranto e na dor, valeu amar. Resta a certeza de que no fundo do poço, o amor nos levantou! É o tal amor criminoso e bondoso que tudo suporta. A tal utopia ilusionista que nem magia parece converter cadáveres em seres humanos... a Ressurreição. E assim, é o homem sempre rejeitando a salvação de que mais precisa; ou aceitando o desamor que não precisa... entre amor e ódio, fica a certeza de que no
Amor reside a Ressurreição.
“Renascer das cinzas é apagar cada registo escrito nas
páginas do passado”
Este Livro da Ressurreição de Helena Dias deixa-nos o conforto de uma memória apagada à força de um corrector; e o (des)
conforto de uma ressurreição por escrever nas páginas em branco que nascem a cada dia.
HELENA DIAS nasceu em Luanda aos 19 de Fevereiro. Formada em Comunicação Social, a escritora é também professora, consultora de comunicação, declamadora, contadora de histórias e apaixonada por outras artes. Teve curta passagem no mundo do teatro e cinema, onde fez uma formação especializada em 2010.
É autora do romance "Ressureição" Publicado em Angola e no Brasil em 2019, membro do movimento artístico literário Lev`arte e da União Brasilieira de Escritores - UBE. Em 2016 participou na antologia poética feminina "O Canto da Kianda", em 2019 participou da antologia de escritoras negras de África e do Brasil "Negras de lá, Negras daqui" e da antologia "A poesia Multicultural" de escritores da CPLP - Comunidades dos Países de Língua Portuguesa.
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Copyright: © Helena Dias /Mayamba Editora, 2020
Colecção
Nzadi
Título: Ressurreição - O amor verdadeiro transforma vidas
Autor: Helena Dias
Prefácio: Lueji Dharma
Editor: Arlindo Isabel
Design,Paginação e Capa: Carlos Roque
1.ª edição: Luanda, Novembro 2019
Tiragem: 1000 exemplares
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Impressão e acabamento: Imprimarte
Depósito legal n.º: 7506/2016
ISBN: 978-989-761-095-0
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