O presente trabalho tem como tema “Apologia do Estado e da Nação: ensaio sobre a reconstrução do pensamento político de Agostinho Neto”.
Esta reflexão é um ensaio político que parte de três questões fundamentais que norteiam o nosso propósito. Colocámo-nos as seguintes questões:

1. É possível reconstruir o pensamento político de Agostinho Neto a partir da sua poesia?

2. De que forma Agostinho Neto encarou o regime colonial português em Angola e como se estruturou o seu pensamento político e a sua cultura estratégica diante do poder colonial?

3. O pensamento político de Agostinho Neto ainda nos diz
respeito e é útil diante dos actuais desafios de construção
do Estado?

Das três perguntas de partida, o presente ensaio desenrola-se com base em três hipóteses positivas, uma para cada questão, na mesma ordem numérica, que procurámos confirmar ou refutar. Assim:

1. Para a primeira pergunta, levantámos a hipótese de que é
possível reconstruirmos o pensamento político de Agostinho Neto a partir das suas obras literárias, consolidadas pelas suas diversas intervenções.

2. Para a segunda, levantámos a hipótese de que Agostinho
Neto se recusava a continuar a viver e a ver o povo angolano e africano em geral sob o jugo colonial e construiu uma cultura estratégica e um pensamento político dinâmico face às suas circunstâncias para lutar contra o poder colonial.

3. Para a terceira questão, levantámos a hipótese de que o pensamento político de Agostinho Neto ainda nos diz respeito e ainda nos é útil diante dos nossos desafios de construirmos um Estado forte, democrático e próspero.

Este ensaio político justifica-se por duas razões: uma de natureza académica e outra de carácter político. Por razões
académicas, procurámos desenvolver este trabalho ao notarmos, no decorrer da nossa formação em Ciência Política na Faculdade de Ciências Sociais, certa deficiência bibliográfica em estudos politológicos sobre o pensamento político de Agostinho Neto. Até aqui, a nossa recolha de bibliografia mostrou-nos a existência de alguma abundância em estudos literários e biográficos sobre a vida e obra de Agostinho Neto, que, no entanto, na academia nacional, pouco
se produz acerca do legado político ou do seu pensamento
político numa visão pouco ou não partidária.

Mário Ferraz, assessor e consultor político, nasceu na Aldeia da Missão Católica de Sanza Pombo, em 1994, província do Uíge, onde iniciou os seus estudos primários. É licenciado em Ciência Política pela Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Agostinho Neto e graduado em Gestão Pública e Governança pelo Programa YALI (Young African Leaders Iniciative) em colaboração com a UNISA
(University Of South Africa) e a USAID (United States Agency International Development). Actualmente, trabalha como assistente editorial na Mayamba Editora.