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Ecos de Colina: memórias e testemunhos

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Neste livro em interlóquio, a juventude encontrará um exemplo de determinação, coragem e fidelidade aos ideais nobres de amor à Pátria, aos concidadãos e compatriotas, sem discriminação das cores políticas. Uma lição de coerência de pensamento...

Almerindo Jaka Jamba nasceu em 1949 e faleceu em 2018. Jaka Jamba
foi meu irmão mais velho; ele é, talvez, uma das pessoas mais inteligentes que já conheci, e eu tive o imenso privilégio de ter tido muitos contactos com intelectuais de renome. Quando nasci, em 1966, o meu irmão tinha dezassete anos. É prática comum aqui, no Planalto Central, um irmão mais velho insistir em dar ao bebé que chegou em casa um nome de que ele goste.

O meu irmão deu-me o nome de Ivan, já que ele estava a ler uma
obra de Tolstoi. Como bebé, eu tinha o grandioso nome de Aníbal
José Ivan de Sousa Jamba — nomes que desapareceram com o tempo
e, como alguém que viveu uma boa parte da minha vida fora do país
onde nasci, desapareceram na procura de um nome que não seria
facilmente conotado com uma região.
Conheci o meu irmão mais velho em momentos isolados. Lembro-me dele como o seleccionador de discos numa das danças que tínhamos nos fins-de-semana a tarde na nossa casa. Lembro-me vagamente do seu casamento com a minha cunhada Miraldina. Depois o mano
desapareceu. Falava-se que o nosso mano estava em Portugal e depois
que estava na Suíça. Embora criança, lembro-me da ansiedade dos
meus pais. Aquele era um tempo de medo — muito medo; os serviços
secretos do sistema colonial, a PIDE, estavam por todo o lado.
Aconteceu o 25 de Abril de 1974 e não muito tarde o nosso mano
apareceu. Ele foi para leste, no interior, onde a liderança estava.
Desde então, o meu irmão teve um assento dianteiro na turbulenta
história do nosso país.
Há mais de duas décadas, em Londres, lembro-me de ter estado completamente absorvido por entrevistas do nacionalista Mário
Pinto de Andrade, feitas pelo escritor Francês Michel Laban. Aquelas
entrevistas ajudaram-me a entender Angola dos anos cinquenta, das
ventanias que resultaram num nacionalismo que reclamava a independência nacional.

As entrevistas que temos aqui dão-nos uma resenha fiável das décadas de vida de Jaka Jamba.
Em 1986, na Jamba, capital do território na altura controlado pela
UNITA, tive a oportunidade de ter longas conversas com o meu irmão. Eu estive naquele território por quase dois anos. O meu irmão
convidava-me a fazer longos passeios; ele discursava e de vez em
quando arrancava flores silvestres para o seu jardim: Tinha uma biblioteca e um jardim na sua casa durante a guerra. Alguns dos seus
vizinhos faziam o mesmo. Foi numa destas digressões que ele citou
o Sócrates, dizendo que uma vida não examinada não vale a pena ser
vivida. Ler as entrevistas que aqui temos é um convite para participar no exame de uma vida interessantíssima.
As entrevistas dão uma visão geral altamente inteligente do tempo em que ele viveu. Jaka Jamba nasceu numa família da classe média daquele tempo, fortemente marcada pela Missão Evangélica do
Dondi. Nosso pai, Tavares Hungulu Jamba, foi um produto da missão
— depois dos seus estudos, ele criou uma escola na sua propriedade
privada de Catchilengue, fora da vila de Cachiungo. Nas entrevistas
que aqui temos aquele mundo é retratado com primor. As entrevistas realçam, também, o florescer do nacionalismo no Planalto Central de Angola.
Com uma bolsa da Gulbenkian, o meu irmão vai para Portugal
onde passa a estudar História e Filosofia. Em 1991, em Lisboa, lembro-me mais de um longo passeio a pé com o meu irmão; de vez em
quando ele insistia que entrássemos em livrarias para passar os olhos sobre várias obras. Entretanto, aqueles passeios tinham os seus temas e subtemas. Lembro-me dele a enfatizar que foi em Lisboa dos anos sessenta que ele ganhou o seu imenso interesse na história africana. Foi lá, na companhia de africanos vindos de outras colónias portuguesas, que ele passou a ter a noção do passado e destino comum dos Africanos. Felizmente, as entrevistas que aqui temos retratam este período.
De 1976 a 1992, temos os dezasseis anos do confronto civil em Angola. O intelectual Jaka passa, então, a ser um militar, participando, em algumas ocasiões, em certas operações. Surgiu, então, o período da paz, em que Jaka Jamba passou uns bons anos no Parlamento. De 2004 a 2008, ele foi nomeado representante de Angola na UNESCO; descreve numa das entrevistas nesta obra como este foi o apogeu da sua carreira. As entrevistas que aqui temos vão em detalhes sobre a progressão do militar, diplomata, legislador e professor universitário. Temos aqui uma figura que foi profundamente curiosa, ávida para aumentar os seus conhecimentos a todo o tempo. Numa entrevista, Jaka Jamba, define-se como, apenas, o estudante mais velho da sala — a busca do conhecimento foi, para ele, uma preocupação permanente!
As entrevistas que temos aqui, habilmente compiladas pela minha cunhada, Miraldina Jamba, e sua equipa, rendem uma homenagem justa a uma figura sem igual, que foi o nosso grande irmão Almerindo Jaka Jamba.
Sousa Jamba
Chiumbo, Cachiungo (Huambo), Julho de 2020

ALMERINDO JAKA JAMBA nasceu a 21 de Março de 1949 e foi deputado da UNITA, partido a que aderiu em 1972. Era formado em Filosofia, pela Universidade Clássica de Lisboa, e fez, também, um doutoramento em História. Por força dos Acordos de Alvor, assinados em 1975, entre Portugal e os então movimentos de libertação angolanos (FNLA, MPLA e UNITA), ocuparia, no Governo de Transição, a pasta de secretário de Estado da Informação.
Foi vice-presidente da Assembleia Nacional (1997-2005) e embaixador
na Missão Permanente de Angola junto do Organismo das Nações Unidas para a Educação,a Ciência e a Cultura (UNESCO), em Paris (2005-2008).
No partido UNITA, ocupou vários cargos de destaque, tais como os de
secretário de Educação, Informação, dos Negócios Estrangeiros, da
Cultura e Herança Africana. Em 1992, foi nomeado como segundo vice-presidente da Assembleia Nacional e porta-voz do grupo parlamentar da UNITA. Jaka Jamba era considerado um homem de consenso.
Foi patrono da cadeira 72 da histórica Academia Brasileira de Ciências, Artes, História e Literatura (ABRASCI).
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Copyright © herdeiros de Almerindo Jaka Jamba/Mayamba Editora, 2022
Título: Ecos de Colina: memórias e testemunhos
Autor: Almerindo Jaka Jamba
Colecção: Biblioteca da História
Editor: Arlindo Isabel

Edição: Mayamba Editora, Luanda-Angola
Rua da Liga Nacional Africana, n.º 13, Distrito Urbano da Ingombota
Município de Luanda, Angola. Caixa Postal 3462
Telf. +244 226 213 869 | 923878395 | 927 648 964 | 911 564 614
E-mail: mayambaeditora@yahoo.com
Site: www.mayambaeditora.com / www.mayambaeditora.co.ao
Facebook: Mayamba Editora
Capa e design: Carlos Roque
Execução Gráfica: Damer Gráficas
1.ª edição: Luanda, Julho de 2022
Tiragem: 1000 exemplares
Depósito Legal: 8690/2018
ISBN: 978-989-761-289-3

Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida sob qualquer forma ou quaisquer meios, electrónicos ou mecânicos, incluindo fotocópias e gravações, ou por qualquer armazenamento de informação e sistema de recuperação, sem autorização escrita do Editor.
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