O presente livro narra uma dura realidade diária, sob várias vertentes, apresenta um discurso limpo, simples, faz a descrição
dos factos e actos, numa linguagem directa, sem metafísica e acrescentos de dor. Retrata de forma clarividente, desnuda, em boa parte, a complexa personalidade de Jonas Savimbi, bem como as várias situações-limite que se multiplicaram num quotidiano de anos a fio, em círculos viciosos que se sucederam em série, muitos sem saída e, sobretudo, desumanos.
A autora tem o cuidado de prestar uma “homenagem de dignidade” através do registo escrito dos nomes das muitas vítimas, maioritariamente femininas, que viveram num “tempo inumano,
tempo esse onde nada se constrói” e muito se destrói.
A leitura deste livro pressupõe algumas pausas para reflexão e deciframento pessoal. Resta saber qual será a sua reacção enquanto leitor.
In Prefácio

FLORBELA CATARINA MALAQUIAS nasceu a 26 de Janeiro de 1959, na província do Moxico. Licenciada em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade Agostinho Neto e mestranda em Ciências Jurídico-Empresariais, exerce a profissão de advogada. Foi jornalista entre 1976 e 1992, formadora e também militar (atingindo a patente de Capitão).
Raptada e feita prisioneira entre 1992 e 1998, foge, neste último
ano, do Bailundo, cidade que estava ocupada pela UNITA.
A presente obra é parte das suas memórias, enquanto vítima e sobrevivente de uma época de desumanidade e selvajaria.