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GENOCÍDIO EM GAZA (Antipoemas factuais)

7 500,00 kz - eBook*

*O livro ficará disponível na sua área privada, não sendo possível fazer download ou impressão.

Os 135 poemas desta obra, escritos entre Fevereiro e Agosto de 2024, denunciam a par e passo a progressão do genocídio da população Palestina na Faixa de Gaza, especialmente mulheres e crianças...

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PREFÁCIO
ANTIPOEMAS OU POESIA URGENTE?

A discussão é recorrente: política e poesia combinam? Nos dias que nos cabe viver, são muitos os que afirmam decididamente que não. Evitarei entrar aqui em discussões profundas e muito menos alimentarei falsas polarizações. A minha posição a respeito dessa questão sempre foi clara e simples: obviamente, política e poesia combinam; rejeito, assim, afirmações apocalípticas e ignorantes, como, por exemplo, “a poesia política é uma merda” e outras. Na verdade, toda a poesia pode ser “uma merda”, o que, concomitantemente, lhe retira o seu autodeclarado e pretenso estatuto, isto é, em tais casos, a mesma não pode ser considerada poesia. Gosto, por isso, da distinção de Bandeira entre “poetas” e “versejadores”.

A história universal da literatura está cheia de excelente poesia política. Aconselho os detractores ou simplesmente os que desconfiam da poesia política que descubram os seus numerosos autores e que leiam os seus textos de maneira aberta e descomplexada, como toda a arte deve ser usufruída. Aliás, desconfio que a relação entre política e poesia é tão velha como essas duas atividades humanas. Só para dar um exemplo, o que eram (são) as grandes epopeias antigas senão poesia política? Quanto ao seu mérito artístico, o facto de permanecerem atuais até hoje fala por si.

José Mena Abrantes, dramaturgo, contista, poeta e tradutor angolano, não esconde as suas cautelas relativamente a essa discussão recorrente, tendo resolvido, certamente por isso, apelidar os textos que compõem o presente volume como “antipoemas”. Mas outra razão, talvez mais importante, está igualmente por detrás dessa classificação: qual a nossa disponibilidade seja para escrever seja mesmo para ler poesia, perante o horrendo genocídio cometido presentemente em Gaza pelo estado sio-nazi de Tel Aviv, ao qual assistimos quase em direto na TV, como se fosse uma espécie de reality show?
Impossível, a propósito, deixar de lembrar, tal como Mena
Abrantes o fez em epígrafe, os versos do poeta palestino
Marwan Makhoul:

Para escrever um poema
Que não seja político
Devo escutar os pássaros,
Mas
Para escutar os pássaros
É preciso que cesse o bombardeamento

Proponho, assim, outra classificação para os textos deste livro: poesia urgente. Alguns chamá-los-ão, possivelmente, poesia utilitária, mas como – espero – se depreenderá das minhas
palavras iniciais, nada tenho contra a arte utilitária seja a mesma
para satisfazer as encomendas de terceiros, como os mecenas para quem Leonardo da Vinci trabalhava, ou seja, ela, nos dias actuais, para atender ao chamado mercado ou então produzida por uma decisão pessoal dos seus autores como, no caso deste volume, de José Mena Abrantes. Digo: não há nenhuma relação unívoca, positiva ou negativa, entre arte utilitária e qualidade estética.

Os 135 textos deste GENOCÍDIO EM GAZA são, basicamente, um registo das atrocidades praticadas em Gaza e em outras partes do território palestino pelos soldados e os colonos israelitas desde o dia 7 de Outubro de 2023 até praticamente ao dia em que o livro entrou na gráfica. Este poderia chamar-se, por isso, “Diário de um Genocídio”.

A profunda motivação deste novo livro de poesia de José Mena Abrantes – a indignação do autor, enquanto cidadão universal, com o genocídio dos palestinos cometido pelo governo de Benjamin Netanyahu – implica, naturalmente, uma dicção própria. Chama a atenção, desde logo, o caráctveias abertas da humanidade, através dos meios e redes de comunicação, quer hegemónicos (que as procuram “embelezar”,
sem grande sucesso, dado o descaramento criminoso do regime
de Tel Aviv), quer alternativos, leia-se, resistentes...

Para finalizar, importa afirmar que “urgente” não é sinónimo de “descartável”. Assim, e apesar de ser um livro urgente, GENOCÍDIO EM GAZA, de José Mena Abrantes, será seguramente lembrado, no futuro, como a corajosa resposta poética de um autor angolano ao apelo da resistência palestina, que luta bravamente não apenas desde 7 de Outubro de 2023, mas desde 1948, contra a ocupação, o terror e o genocídio cometidos pelo regime israelita: — Não tenham piedade de
nós, sejam as nossas vozes!
Os leitores deste livro são igualmente convocados a corresponder a esse apelo. Como escrever, ler também deve ser uma ética.

João Melo
Escritor e jornalista
Copyright: © José Mena Abrantes/Mayamba Editora, 2025
Título: GENOCÍDIO EM GAZA (Antipoemas factuais)
Colecção: Nzadi
Autor: José Mena Abrantes
Prefácio: João Melo
Revisão: Mayamba Editora

Editor: Arlindo Isabel
Design, paginação e capa: João Dias dos Santos
1.ª edição: Abril de 2025
Tiragem: 1000 exemplares

Mayamba Editora, Lda.
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Impressão e acabamento: Gráfica Mwangolë
Depósito legal n.º 13259/2024
ISBN: 978-989-761-542-9

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