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Os Angolanos que libertaram Nelson Mandela – A Desconstrução de um mito, Ensaio Político

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Ao nos debruçarmos sobre o presente tema, temos a plena convicção de que, fruto da imagem internacional semiendeusada de Nelson Mandela, a maioria dos leitores se questionará sobre as motivações que originaram esta obra...

Ao nos debruçarmos sobre o presente tema, temos a plena convicção de que, fruto da imagem internacional semiendeusada de Nelson Mandela, a maioria dos leitores se questionará sobre as motivações que originaram esta obra.
As confrontações ideológicas entre as principais forças hegemónicas que se digladiaram durante o século XX propiciaram o agrupamento das nações do mundo em torno de duas correntes políticas – a Direita pró-Ocidente1 e a Esquerda pró-URSS2.

Este antagonismo acabaria por influenciar a dinâmica evolutiva da luta pela emancipação de diversos povos do mundo, dentre os quais a
afirmação das jovens nações da região Austral do continente africano. A capacidade de expansão da ideologia capitalista, enquanto componente económica e política da Direita pró-ocidental, e o fim da URSS, propiciaram a massificação da poderosa máquina propagandista da cultura POP3, que para além de procurar “estandardizar” as culturas do mundo, fez vincar uma narrativa histórica favorável à exaltação e credibilização dos seus propósitos. Neste âmbito, inserem-se também as abordagens internacionais dos factores que influenciaram a libertação de Nelson Mandela e forçaram o fim do regime do apartheid, narrativa que, em virtude de vários factores, acabou por se estabelecer também no seio de determinados sectores juvenis em vários países africanos, dentre os quais Angola, conforme exemplo que passamos a narrar:

Em Julho de 2015, num programa radiofónico de uma das emissoras de Luanda, um grupo de jovens artistas angolanos do estilo Hip-hop4, na véspera de um espetáculo musical, anunciava vários detalhes do espetáculo, dentre os quais a quantidade de músicos que fariam “remix” de uma canção alusiva ao dia internacional de Nelson Mandela, mundialmente conhecido como “Mandela´s Day5”.
Inspirado pelos efeitos dos referidos comentários, no dia 13 de Julho do mesmo ano, postei no meu perfil numa rede social, um desabafo sobre o sucedido, facto que mereceu o desafio do meu ex-professor do primeiro ano da faculdade, para que justificasse o meu desacordo e desenvolvesse mais o pensamento.
“No dia 18 de Julho, publiquei um texto mais extenso e completo sobre o meu ponto de vista em relação à imagem internacional construída em volta da figura de Nelson Mandela e às cautelas que se devem observar em relação ao que se assume e se reproduz como sendo dado histórico credível, publicação que contou com o agradecimento do meu ex-professor.

Semanas depois destas publicações, num outro programa radiofónico dedicado igualmente aos apreciadores de hip-hop, fazendo referência à música de um cantor senegalês radicado nos Estados Unidos da América, cuja letra (em inglês) faz alusão a Nelson Mandela, o célebre radialista que anunciava entusiasmado a presença da referida música no “Top” do programa, questionou, ao vivo e em directo, as razões pelas quais os músicos angolanos “não cantam Nelson Mandela”, chegando mesmo a estabelecer quase que um paralelismo entre a qualidade dos artistas angolanos versus a capacidade de cantar Nelson Mandela. Na mesma semana, enderecei aos vários integrantes do referido programa mensagens sobre a minha opinião em relação à popularidade de Nelson Mandela e uma crítica construtiva sobre o papel que aquele programa poderia desempenhar num processo de
exaltação e inserção dos heróis angolanos no horizonte cultural e intelectual dos jovens que o ouvem. As minhas mensagens nunca foram respondidas e a referida música cantada pelo artista senegalês, que faz alusão à falta causada pela ausência de Nelson Mandela (I miss you Mandela), acabou por vencer o “Top” desse programa.
Se nos dedicarmos a um processo investigativo aos mais variados níveis, acabaremos por encontrar respostas que justificam interpretações como as acima apresentadas. A constatação feita é que, da grande maioria das fontes consultadas, quer bibliográficas quer webgráficas, pouquíssimas fazem referência ao papel preponderante desempenhado pelo povo e por entidades governamentais angolanas no processo histórico que resultou na independência da Namíbia, na libertação de Mandela e no fim do apartheid6. Por entendermos que, durante décadas, se fez vincar um “Paradigma Histórico7”, que se esforçou por retirar Angola da narrativa tornada oficial sobre os apoios determinantes prestados à luta dos sul-africanos e namibianos, bem como sobre o derrube de um sistema político e social dos mais hediondos que o mundo e África conheceram, confrontando a realidade e os factos, fazendo recurso a uma analogia científica, consideramos as incongruências existentes entre a realidade histórica e a versão defendida pelo referido paradigma como “Obstáculo Epistemológico”.
Tomando por base o pensamento de Thomas Kuhn8, entendemos ser necessário reafirmar evidências com vista ao abandono do paradigma histórico-ideológico, legitimado internacionalmente por pretensões económicas mediante a massificação da cultura Pop. Assim, sem a mínima pretensão de colocar em causa o respeito que é devido a Nelson Mandela, enquanto figura relevante para a nação sul-africana, em prol da retransmissão da História para as novas gerações e do reavivar de memórias embaçadas por divergências políticas ou pelas
agruras do tempo, o presente Ensaio Político assume-se como uma “Ruptura Epistemológica”, que visa devolver à luz o papel crucial desempenhado pelos angolanos na libertação da África Austral.

Orlando Victor Muhongo, nasceu na Província do Uige em 1982. É Autor de dois livros de poesia, A Arte de Sentir (2008) e Maresia (2014), publicados com o pseudónimo de Orlando Kinguzo.
É licenciado em Relações Internacionais pela Universidade Privada de Angola (UPRA) e Mestre em Relações Interculturais pela Universidade Aberta de Portugal.
Em 2004, venceu o concurso de poesia sobre a paz (categoria de adultos), organizado pela ex-Liga Africana.
É, desde 2008, analista de questões internacionais, colabora com diversas emissoras de rádio e televisão, sendo, actualmente, comentador residente de uma estação de rádio de Luanda.
Copyright: © Orlando Victor Muhongo/Mayamba Editora, 2016
Colecção: Biblioteca da História
Título: Os Angolanos que libertaram Nelson Mandela – A Desconstrução de um mito, Ensaio Político
Autor: Orlando Victor Muhongo
Revisão: Sílvia Ochôa
Editor: Arlindo Isabel
Capa e design: Carlos Roque

Condomínio Vila Rios, Rua Rio Cuango, n.º 16, Camana
Estrada Direita do Calemba 2 Município de Belas – Luanda-Sul/Angola
Cx. Postal 34 62

E-mail: mayambaeditora@yahoo.com
Site: www.mayamba-editora.com/www.mayambaeditora.co.ao
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Impressão e acabamento: Damer Gráficas, SA 1.ª edição: Luanda, Agosto de 2016
Tiragem: 5 000 exemplares
Depósito Legal n.° ______________/2016

ISBN: 978-989-761-107-0
Edição Patrocinada por Fundação Sindika Dokolo e Trienal de Artes 2016
Toda a reprodução desta obra, por fotocópia ou por outro qualquer processo, sem prévia autorização escrita da Mayamba Editora, torna-se ilícita e passível de procedimento judicial.